Youth Exchange “Step Forward”

Youth Exchange – “Step Forward”

No passado dia 8 de Dezembro um grupo de 5 jovens embarcaram rumo ao Reino da Dinamarca . A primeira vez que ouvi falar neste país terá sido há uns 30 anos, quando descobri o Cavaleiro da Di-namarca da Sophia de Mello Breyner Andresen. E agora ia conhecer este país onde “os Invernos são longos e rigorosos com noites muito compridas e dias curtos, pálidos e gelados. A neve cobre a terra e os telhados, os rios gelam, os pássaros emigram para os países do Sul à procura de sol, as árvores perdem as suas folhas. Só os pinheiros continuam verdes no meio das florestas geladas e despidas. Só eles, com os seus ramos cobertos por finas agulhas duras e brilhantes, parecem vivos no meio do grande silêncio imóvel e branco”… Digam lá se a imagem que vos vem à cabeça não vos remete para histórias de encantar! Foi este cenário, sem neve mas com luzes de Natal, que encontramos no dia 9 de Dezembro de 2019. Nesta altura ainda não sabíamos que esta seria uma aventura marcante!
As competências matemáticas ficaram a cargo da Solidaried’arte- Associação de Educação e Integração pela Arte, a qual nos enviou para esta aventura…e a quem agradecemos desde já por esta parceria e a possibilidade de contribuir para enriquecer sobejamente o capítulo de 2019 das nossas vidas. Mas, aquelas competências foram necessariamente mobilizadas durante a viagem. Logo à chegada ao aeroporto de Lisboa! “Quantas coroas dinamarquesas vale um euro? E ainda temos a taxa de câmbio… E que contas, porque o nível de vida é bem mais elevado naquelas paragens de sua alteza!… Pensamento lógico-dedutivo para inferir dos dados apresentados que orçamento seria necessário dispensar para a viagem. Logo à chegada à Dinamarca, foi posta à prova a competência na língua estrangeira! A Solidaried’arte fez um trabalho incrível na preparação de informação sobre os trajectos, mas chegados ao CPH Lufthavn a estação do aeroporto perguntamo-nos: E agora? Que sentido tomamos ? Por pouco estivemos a chegar ao Reino da Suécia pela Øresundbron , a ponte que liga os dois países… só porque a indicação que eu pedia às pessoas que ali circulavam era Cen-tral Station e, de facto eu era direcionada para a Central Station mas da Suécia! Ao fim de umas quantas vezes a questionar as pessoas, encontrei uma que ali trabalhava e consegui entrar no com-boio com a certeza que chegaria a København H, a estação central de Copenhaga ! Quando chega-mos à estação de Halvø descobri a Polónia, sim não vos disse ainda, mas não conhecemos apenas a Dinamarca mas oito outros países através das histórias, das experiências, do aceno, do cumprimento, do riso, enfim da cinésia, da proxémica, da mímica e da paralinguagem que caminha lado a lado com o discurso de 40 outros jovens…
O inglês continuou é claro, a ser estimulado mas a Competência relacionada à língua Estran-geira foi muito além da língua inglesa numa curiosidade evidente pelas outras línguas em perceber diferenças e semelhanças, em darmo-nos conta da estranheza que a sonoridade das palavras pode causar ou a musicalidade de certas línguas e a descoberta da música polaca, turca ou grega, nas can-ções que eram pano de fundo de noites culturais e dos momentos de pausa ou descontração! Numa conversa com o Roberto falávamos dos poetas de Itália e de como é isto de compreender a poesia quando não se fala a língua! Será que é possível? Ao que parece sim, porque ele estava fascinado com a escrita do Livro do desassossego de Fernando Pessoa.
Nos dias que se seguiram à chegada ao LerbjergCenter -Halvø que nos albergou pelos 9 dias seguintes o sentimento que me assaltava muitas vezes era de que nem a barreira linguistica nem cul-tural impedem a unidade europeia! É mesmo possível suplantar qualquer diferença cultural quando termos um objectivo comum e uma vontade imensa de nos conhecermos… (como aliás, sempre acreditei!) e foi muito espontânea esta conexão desde o primeiro momento. Para lá das diferenças culturais que emergem numa Europa que é rica na sua muticulturalidade e na sua expressão há de facto um sentimento de ser europeu que transborda durante estes 10 dias! Mas o que nos une não desmobiliza a ideia de que somos diferentes, ela só aguça o interesse para perceber como é que soci-almente se reflectem estas diferenças, indagar sobre o que acontece na Europa, e como todos pode-mos contribuir para o projecto Europeu sonhado por Jean Monnet. (Dias depois de regressar estava numa livraria da cidade, e vi um livro de Natália Correia intitulado “Fui à América e descobri que era europeia”…) eu fui à Europa e percebi que era europeia!Mas mais do que isso, descobri que há uma transculturalidade universal… Encontrei-me com pessoas com origens distantes da Europa, mas que só enriquecem a solidariedade europeia que aflorou em mim naqueles dias.
De algum modo pairava por estes dias a frase da declaração de Schuman” A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem em primeiro lugar uma solidariedade de facto”(Jean Monnet).
A Copenhagen Youth Center, entidade anfitriã deste programa Youth exchange-“STEP FORWARD – EU for YOUTH” – financiado pela comissão europeias através do Erasmus+, nas pessoas do Heresh Cyn, Tamta Khutsishvili e Chako Nino Chaladze, foi incansável em criar condi-ções para que estas oito competências-chave promovidas pela CE para os jovens fossem desenvolvi-das, em particular a Expressão cultural, competência ao nível da expressão criativa das ideias e das experiências, adoptada transversalmente às atividades realizadas, constituindo-se como metodologia utilizada quase como um todo. Outra competência trabalhada ao longo destes 10 dias foi o Empre-endedorismo. Em modo WordCafé tomamos contacto com o que fazem os jovens para os jovens, por essa Europa fora e ideias foram borbulhando no sentido do que podemos empreender em parce-rias! Ou a visita à Cruz vermelha dinamarquesa ! E presentemente actualizo as minhas Competências Digitais, ao procurar imagens na nuvem, fazer download de ficheiros enviados por plataformas de transferência de ficheiros de grandes dimensões, registos em plataformas para preenchimento de formulários…
Enquanto escrevia estas linhas transformava materializava em palavras as aprendizagens que fiz e por isso organizava o aprendido! Não se chamará isto Aprender a Aprender? A competência que faltava! Muito mais poderia ser dito, sobretudo como estas competências foram desenvolvidas pelos anfitriões nas sessões/atividades cuidadosamente estruturadas pelos anfitriões e também pelas equipas de cada país. – Joana Moreira